segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Roma: As ruínas arquitetônicas de uma metrópole antiga

Introdução

O império Romano caracterizado pela ambição e dramaticidade humana foi o maior de toda a Antiguidade. Conquistou inúmeros territórios: a Macedônia, a Grécia, a Ásia Menor, o Egito, a Cirenaica (atual Líbia), a península Ibérica, a Gália (França), a Germânia (Alemanha), a Ilíria (Albânia), a Trácia, a Síria, a Palestina e as ilhas Britânicas. Também, transformou a Mauritânia, a Capadócia, a Armênia, os Partos e o Bósforo em reinos vassalos. Com tantas conquistas e batalhas, facilmente, percebe-se que a guerra civil é uma das características definidoras do crescimento do Estado Romano. Afinal, os romanos eram verdadeiras máquinas de guerra, suprindo grande parte das necessidades econômicas do Estado com os saques das novas terras dominadas.
Além das guerras, durante os seus doze séculos de existência, a civilização romana se tornou num vasto império graças a sua intensa assimilação cultural. Os romanos tinham a habilidade de aproveitar o passado político, cultural e tecnológico de outros povos e adaptá-los para seus propósitos. Sendo assim, refinando o conhecimento histórico para sua utilização. A civilização Grega e a Etrusca foram grandes fontes de assimilação. Por isso, a arte, a escultura, a arquitetura, a literatura, e a religião romana apresentam fortes influências gregas. Já a tecnologia, a arquitetura e a engenharia Etrusca ensinaram aos romanos a utilização de arcos e abóbodas nas construções, o funcionamento de sistemas de distribuição de água, a edificação de muralhas e estradas.
Um exemplo dessa mistura de influências na arquitetura Romana é o SANTUÁRIO DA FORTUNA PRIMIGENIA, na província de Palestrina:



O SANTUÁRIO DA FORTUNA PRIMIGENIA , Prenesto (Palestrina). Princípios do séc. I a.C


Ele é o mais antigo monumento, onde se encontra essa mistura de estilos (grego, etrusco etc.) mesclada com as inovações romanas. Localiza-se nas colinas do sopé dos Apeninos, a leste de Roma. Esse santuário só foi encontrado na contemporaneidade por causa de um bombardeamento em 1944 que destruiu a maior parte de uma cidade medieval erguida em cima do santuário. Esse santuário, antes uma fortaleza etrusca, data do século I a.C., foi erguido em homenagem à deusa-mãe Fortuna (o destino, a sorte), e associado a um oráculo também. Esse templo marca o regime de transição entre Sila, que vinha governando de forma autoritária e Júlio César. Como Sila obteve uma grande vitória sobre a guerra civil em Palestrina, é de se supor que ele tenha ordenado a construção desse santuário.
Esse santuário é constituído por uma série de rampas e terraços (claramente visível na maquete de reconstituição) que conduziam a um grande pátio ladeado de pórticos, do qual sobe por uma escadaria disposta como as bancadas de um teatro grego até a colunata semicircular que coroava o edifício. Os arcos das aberturas, enquadradas por colunatas adossadas e entablamentos desempenham importante papel na fachada como se pode ver na gravura que mostra os Terraços Inferiores do Santuário. Com exceção das colunas e das arquitraves, todas as superfícies visíveis na atualidade são de concreto.
Outra característica que chama atenção é o fato de o santuário estar apoiado na encosta de uma colina, comparável à Acrópole de Atenas. Pois, o complexo se ergue das rochas, como se o homem não fizesse mais do que completar um traçado devido à própria natureza. Essa modelação de um complexo religioso ser erguido de rocha pode ser comparada ao templo funerário egípcio de Hatsepsut.


Roma, a capital desse glorioso império, também expressa em seu complexo de edificações (templos, palácios, anfiteatros, mercados, aquedutos, fóruns, basílica moradias etc) e em sua organização social essa mistura de influências históricas e inovações romanas. Pois, ela sempre foi o grande centro dessa civilização, recebendo os forasteiros, e abrigando-os. Sendo assim, por ser tão aberta, se tornou o cenário da livre troca de idéias. Além disso, a cidade de Roma e seu cenário arquitetônico são a máxima expressão e materialização da potência, da riqueza e da prosperidade do império Romano.




Os anfiteatros

O COLISEU foi um enorme anfiteatro para a luta sangrenta de gladiadores no coração de Roma acabado em 80 a.D. Talvez, um dos maiores estádios de todo o mundo, capaz de abrigar 70 mil espectadores. A enorme estrutura de concreto, com os seus quilômetros de escadaria e corredores abobadados foi um dos primeiros exemplos de eficiência de juntar tantas pessoas e ao mesmo tempo fosse tão eficiente em escoar uma enorme quantidade de romanos em poucos minutos. Estabelecendo assim um novo padrão em design de anfiteatros romanos, com uma rede complexa de corredores e escadas que permitiam a entrada e a saída eficientes da multidão. Portanto, o projeto do espaço visava controlar a multidão.
Sua estrutura era extremamente simples porque incorpora dois teatros gregos, unindo para formar um teatro de 360° de circunferência. Ao lado da abóboda de berço, aparece outra mais complexa que é a abóbada de aresta que é formada pela interseção em ângulo reto de duas abóbadas de berço com a mesma altura. O exterior monumental do Coliseu foi revestido com cantaria e há um perfeito equilíbrio entre elementos verticais e horizontais na armação de colunas embebidas e entablamentos que enquadram os três andares de arcadas. As três ordens das colunas clássicas foram sobrepostas segundo o seu peso: a ordem dórica, a mais antiga e severa foi posta no chão, seguida pela jônica, menos rígida (no segundo andar) e a coríntia, mais elevada no andar mais alto. Estruturalmente, as colunas clássicas perderam função, mas sua utilização confere importante função estética e é por meio delas que essa enorme fachada do Coliseu mantém uma escala humana.
O imperador Vespasiano, general simples e direto, construiu o gigante anfiteatro. Ao contrário de seu antecessor, o tirano Nero, ele reuniu as melhores mentes de Roma a serviço do povo. Drenou o enorme lago construído por Nero, - de seu palácio pessoal pago por recursos públicos, e construiu o Coliseu, símbolo do poder, da engenharia e da riqueza da antiga Roma.









O PANTEÃO (séc. II a.D), em Roma é o exemplo mais surpreendente do processo evolutivo das inovações estruturais romanas. Exteriormente, a cella do Panteão se assemelha como um cilindro sem decoração fechado por uma cúpula suavemente encurvada. O elemento que realça a entrada é um pórtico típico dos outros templos romanos. Contudo, não se pode analisar o exterior do Panteão sem os degraus da entrada que foram soterrados, que dava maior grandiosidade ao templo. Além disso, o pórtico foi pensado como um átrio retangular para destacá-lo da rotunda. O que o arquiteto quis destacar foi o interior que cria um belíssimo espaço abobadado que se abre de súbito diante dos espectadores criando um efeito dramático. Esse efeito quebra toda a impressão que temos do exterior do edifício.
A cúpula do centro possui uma abertura que cria um efeito de luz que é reluzente e espetacular. Este óculo (abertura) encontra-se há mais de quarenta metros acima do pavimento e como o diâmetro do recinto tem a mesma dimensão, a cúpula e o tambor, sendo de igual altura criam um perfeito equilíbrio. No exterior, esse equilíbrio não foi possível, porque para conter o empuxo da cúpula era necessário fazer uma base muito mais pesada que no alto (a espessura da abóbada vai decrescendo de baixo para cima: na base é de 6 m e no alto de 1,80m). Os caixotões ajudaram a diminuir a massa da cúpula significativamente. Essa grande estrutura é sustentada por oito grossos pilares que evitam esse empuxo e permitiram que o arquiteto fizesse nichos fechados ao fundo adornados com colunas, o que retirou o efeito de as pessoas se sentirem enclausuradas no interior.
Como o nome sugere, Pantheon significa “todos os deuses”, ou mais exatamente às sete divindades planetárias. Por isso, há os sete nichos. Parece, portanto, razoável a interpretação de que o óculo e a cúpula dourada representem a abóbada celeste.
O panteão foi idealizado pelo imperador Adriano, e construído sobre as ruínas do Templo de Augusto. Ele foi por dezoito séculos o maior vão aberto de concreto no mundo, sem dúvida a construção mais incrível dos romanos.





Conclusão

Enfim, o governo de Caracalla, suas derrotas militares, a exaustão dos cofres públicos em obras e campanhas, e o incêndio devastador que destruiu o Coliseu assinalam o início da queda dessa gigantesca cidade. Ironicamente, seu fim se assemelha ao início de sua origem. Pois, o imperador Caracalla, inicialmente deveria dividir o poder com seu irmão, Gueta. Mas o assassina, como fez Rômulo a Remo. Lentamente, por diversos motivos e invasões o império romano se fragmenta completamente. Legando-nos ruínas de um passado arquitetônico brilhante.



Escrito por João Francisco e Lara Araújo.



Bibliografia:



JANSON, H. W. HISTORY OF ART. 3rd edition revised and expanded by Anthony F. Jason, 1986. Inc. Publishers – New York. Tradução de J. A. Ferreira de Almeida e Maria Manuela Rocheta Santos. Colaboração de Jacinta Maria Matos. Fundação Calouste Gulbenkian – Lisboa, Portugal. P. 155 - 196.
HISTORIA DE LA ARQUITETURA. ALIANZA FORMA.
http://casa-e-energia.blogspot.com/2008/06/o-sector-dos-edifcios-responsvel-pelo.html (18/01/2011)
Publicação: Jorge Melo Cabral (arquiteto formado pela Universidade do Porto em Portugal em 1997)
http://www.parlandosparlando.com/view.php/id_600/lingua_0/whoisit_1 (18/01/2011)
Documentário do History Channel
http://www.historiamais.com/mundo.htm
http://www.historiadaarte.com.br/arteromana.html

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